O
início do ano letivo implica sempre um acréscimo de preocupações por parte das
crianças, jovens e pais. Para além de horários a cumprir, das exigências das
metas curriculares, dos exames nacionais, entre outras, é ainda preciso
encontrar qual a melhor forma de transportar a enorme quantidade de material e
livros solicitada pelos professores.
O
elevado número de crianças e jovens com queixas dolorosas ao nível da coluna vertebral
e alterações posturais é motivo de preocupação por parte de pais, professores e
profissionais de saúde, em particular dos ligados à reabilitação. Acredita-se
hoje que a mochila e o seu uso indevido estão relacionados com este tipo de
queixas.
- Que tipo de mochila é o mais adequado? Com alças ou tipo trolley, com rodinhas?
- Qual o peso máximo que a mochila deve ter?
Estas
são duas das questões a que estudos elaborados por fisioterapeutas e outros
profissionais de saúde tentam dar resposta. Vários são os estudos que apontam o
uso de mochilas com peso excessivo como fator determinante mas, não são
unânimes quanto peso que estas devem ter. Brackley e Stevenson (2004) afirmam
que a sugestão de 10 a 15% do peso corporal tem fundamento na informação atualmente
disponível e, este é o limite recomendado pela maioria dos especialistas. De
acordo com Goodgold et al (2002) o
uso de peso superior a este limite é particularmente grave tendo em conta a
vulnerabilidade das estruturas corporais em crescimento.
Relativamente
à escolha entre mochilas de alças e trolleys
não existe uma linha orientadora. No entanto fica a recomendação para mochilas
de alças uma vez que os trolleys são
mais difíceis de transportar face aos obstáculos existentes numa escola
(escadas, arrumação no cacifo, passagem em corredores com muitas pessoas, etc.)
Entre as possíveis consequências do
uso incorreto das mochilas estão:
- Dor cervical, dorsal, lombar e, ombros
- Alterações posturais – Escoliose, Hiperlordose, Anteriorização da cabeça e ombros
- Fadiga e estiramento muscular
- Aumento do risco de lesões e de quedas
- Formigueiro e adormecimento dos braços
Sinais de alarme:
- Dor referida ao colocar a mochila às costas
- Alterações de sensibilidade nos braços – formigueiro, adormecimento
- Marcas vermelhas das alças nos ombros
Dicas para a escolha da mochila:
- Tamanho da mochila adequado à criança
- Alças com desenho anatómico e ergonómico, almofadadas.
- Costas também almofadadas
- Cinto na mochila
Dicas para o uso correto da
mochila:
- Manter o peso da mochila sob vigilância. 10 a 15% do peso da criança.
- Usar SEMPRE as duas alças promovendo a simetria da postura.
- O comprimento das alças deve ser de modo a que o fundo da mochila fique na linha inferior da coluna lombar e não sobre ou abaixo das nádegas.
- Boa arrumação da mochila colocando atrás os objetos maiores e mais pesadosUso do cinto para promover uma melhor distribuição das forças/peso.
Bibliografia:
Barckley
H; Stevenson J (2004): Are children backpackweight limits enough? A critical
review of the relevant literature. Spine 29 (19); 2184-90.
Goodgold S et al (2002): Backpack Use in Children. Pediatric Physical Therapy
14; 122–31.
Kistner F; Fiebert I; Roach K; Moore
J (2013): Postural Compensations and Subjective Complaints Due to Backpack
Loads and Wear Time in Schoolchildren. Pediatric Physical Therapy 25; 15–24.
Carlos Miguel Santos, Fisioterapeuta e formador na Do It
Better.
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